A ‘scooter’ que enfeitiçou o mundo
As mais famosas duas rodas do mundo foram criadas por alguém que não gostava de motos. Foi por isso que D’Ascanio criou um veículo original e transformou a Vespa numa lenda. Foi há 60 anos.

Foi então que Enrico se lembrou de criar um veículo económico, de condução fácil, destinado às massas. Assim, recorreu à ajuda de dois engenheiros, Vittorio Casini e Renzo Spolti, que conceberam a um primeiro modelo de ‘scooter’ para a Piaggio: a MP 5. O aparelho, todavia, não caiu nas boas graças de ninguém. Ridicularizado pela imprensa, rapidamente ganhou a alcunha de ‘Paperino’ - Pato Donald em italiano, imagine-se. O próprio Enrico Piaggio considerava-o “uma coisa horrenda” e acabou por pedir a um dos seus mais conceituados engenheiros de aeronáutica, Corradino D’Ascanio, que lhe redesenhasse seu ‘Paperino’.
Para D’Ascanio o problema que se colocava, logo partida, era facto de não gostar de motos. Achava-as feias, desconfortáveis e pouco práticas já que, em caso de furo, a mudança dos pneus se tornava complicada e bastante suja, na medida em que faziam uso da tracção por corrente, à semelhança das bicicletas. Por todos estes motivos, D’Ascanio concebeu um modelo de motocicleta



A 23 de Abril de 1946, a Piaggio assinava a patente daquele que haveria de ser, para sempre, o seu ‘exlibris’ e, fiel ao seu sonho de criar um veículo utilitário, Enrico Piaggio lançava 2 mil Vespa de 98 cc no mercado. Um ímpeto arrojado que depressa se haveria de revelar promissor. A natural divisão entre apoiantes e detractores que sempre acompanha o lançamento de um novo produto rapidamente se dissipou. A Vespa era, sem dúvida, um aparelho curioso, se não mesmo engraçado e, quiçá até útil. No final desse ano, a Piaggio tinha lançado no mercado um total de 2.484 scooters e, um ano depois, arriscava a 125 cc, sucessora natural da 98 cc. Em 1947, o número de ‘scooters’ lançadas no mercado pela Piaggio era de 10.535 e, em 1948, ascendia às 19.822.

No final da década, era a vez dos mercados externos aderirem ao novo veículo utilitário italiano. A Alemanha foi o primeiro país a conseguir licença de produção da Vespa, em 1950, aumentando para 60 mil a produção de veículos que, três anos mais tarde, já superava as 170 mil unidades.
O público aderia sem entraves. A imprensa fazia a apologia do novo utilitário de duas rodas. Longe de saber que a comparação ficaria para a História, o jornal “TheTimes” qualificou a Vespa como sendo “um produto inteiramente italiano, como não se via deste os tempos da quadriga romana”.
Para Enrico Piaggio, o interesse nos mercados internacionais pela sua Vespa era a resposta a todas as preces do pós-Guerra. Empenhado no sucesso do novo produto, testava pessoalmente os protótipos dos novos modelos. Em 1953, a Vespa assentara definitivamente arraiais além-fronteiras, contando mais de 10

Um ícone mediático
Talvez por isso mesmo, nenhum outro veículo tenha sido explorado por um dos meios mais mediáticos de sempre: o cinema. Para sempre ficará na memória a imagem de um Gregory Peck e de uma Audrey Hepburn percorrendo as ruas de Roma no filme “Férias em Roma” de William Wyler (1953). Para sempre associaremos a ‘Vespa’ aos incontornáveis Mods e Rockers das décadas de 60 e 70 que Franc Roddam retratou em “Quadrophenia” (1979) e, uma década mais tarde, Julian Temple tão bem soube fazer reviver em“Absolute Beginners” (1986). Ainda no ano passado, vimos Nicole Kidman acelerar na sua Vespa no filme “A Intérprete”, de Sydney Pollack.

Ao longo dos tempos, as duas rodas mais famosas da história de Itália cativaram adeptos e apaixonados um pouco por todo o mundo, independentemente das suas origens, profissões ou credos. Louis Armstrong teve uma, Carolina do Mónaco também e, antes dela, o rei Balduíno da Bélgica. Sempre que não corria, Juan Manuel Fangio preferia deslocar-se numa Vespa e nem o próprio papa João Paulo II ficou alheio às graças deste símbolo da ‘dolce vita’ italiana, chegando a dar-lhe a sua bênção.

A comemoração dos 60 anos da Vespa teria de começar naturalmente em casa. Mais do que assinalar a data, a Piaggio fez questão de assinalar o ano e, como não podia deixar de ser, a Piaggio Portugal aderiu às festividades. Assim, entre várias iniciativas, lembrou-se de eleger sete jovens caras conhecidas da nossa praça que, durante o ano que corre, serão embaixadores da Vespa em Portugal: Diogo Morgado, Jorge Corrula, Inês Castel-Branco, Inês Simões, Ricardo Pereira, Luís Esparteiro e Bruno Nogueira, apurou o D&O junto da empresa. Estes embaixadores receberam as suas chaves em Março, durante a última edição da Motoexpo, na FIL, e até ao final do ano irão experimentar vários modelos, sendo que, no final de 2006, todos eles receberão de presente a sua própria Vespa.
Os novos ‘vintage’
Para marcar as seis décadas da Vespa, a Piaggio acaba de criar dois novos modelos Vintage, a GTV e a LXV, que retratam os dois primeiros modelos da História da Vespa. A Portugal os novos modelos irão chegar em Maio, nas versões LXV 50, LXV 125 e GTV 250, apurou o D&O junto da marca. Paralelamente, a Piaggio irá lançar o modelo GT 60, uma edição limitada e numerada de 999 exemplares que serão personalizados com as iniciais de cada comprador. Este novo modelo custa a módica quantia de 6.500 euros e não pode ser adquirida nos concessionários habituais. Os eventuais interessados deverão inscrever-se numa lista junto da Piaggio (através do telefone 210303900) e o pagamento será efectuado por transferência bancária para a casa-mãe, em Itália.
texto de Inês Queiroz, in Diário Económico de 21 de Abril de 2006
fotos retiradas de www.it.vespa.com
fotos retiradas de www.it.vespa.com
Fotos de modelos da Vespa, até aos dias de hoje:











































Excelente trabalho... as vespas são realmente umas coisas lindas :D eu tnh uma :P cumprimentos ao(s) autore(s
Colocado por
João Ferreira |
14 de Junho de 2007 14:03
É bom saber que existe um site que tem fotos de Vespas mas falta uma da Vespa FL 2 bom trabaho
Colocado por
Rui |
18 de Julho de 2008 13:53